Numa verdadeira rasteira do destino, a promessa brasileira Vitor Miranda viu sua vida ruir quando, há três meses, perdeu o filho de apenas quatro anos, afogado na piscina de casa, nos Estados Unidos. Por conta de problemas com o visto de imigração, ele só pôde voltar agora ao Brasil, onde está recebendo o carinho e apoio da família, e decidiu retomar a carreira A volta ao cage já está marcada para o dia 19 de novembro, no Nitrix, em Itajaí (SC), num GP de meio-pesados com duas batalhas na mesma noite.
A preparação de Miranda, ainda sem adversário, está sendo feita há duas semanas em Curitiba, na CM System, sob o comando de Cristiano Marcello. A proximidade da família, que mora em Joinville (SC), aliada aos bons treinos e às boas amizades, são o que o lutador considera diferenciais para sua volta.
“Estou há três meses sem treinar, perdi a forma, e escolhi a CM System pelo volume de treinos e pela técnica muito apurada dos atletas e dos treinos com o Marcello, Bruno Carvalho, Zulu, Daniel Acácio... Vou voltar a lutar para conseguir estar num grande evento em breve, e o Igor (filho) sempre estará comigo, é mais um anjinho protetor me amparando e guiando. É nisso que eu e minha família nos apegamos e conseguimos sobreviver e lutador a cada dia, vendo que não acabou”, declarou serenamente ao PVT nesta terça-feira.
Confira abaixo o bate-papo exclusivo e emocionante com mais detalhes da volta por cima de Vitor Miranda.
PVT: Como se deu essa sua volta para o Brasil e a ida para a CM System?
Vitor Miranda: Depois do que aconteceu com meu filho eu não havia conseguido voltar para o Brasil porque enquanto meu visto estava sendo processado eu não podia sair dos Estados Unidos. Minha família e a da minha esposa estavam sofrendo sem nos ver e quando acertei o visto vim para cá. Cheguei há três semanas e escolhi a CM System indicado pelo meu treinador da M-13, Alexandre Marciano, que disse para treinar lá porque estava bombando. Eu já conhecia o Cristiano Marcello, que já foi meu córner no Bitetti Combat, sempre tivemos boa relação e já mandei atleta meu pra cá. Enquanto estiver no Brasil vou ficar aliando meus treinos em Joinville aos da CM System, porque só tem casca-grossa aqui.
PVT: Você e sua esposa, Paula, passaram por dificuldades financeiras nesse período. Como foi que vocês conseguiram se reerguer?
Vitor Miranda: Quando aconteceu, ficamos perdidos, porque ninguém espera algo assim. A gente estava na batalha, com dinheiro curto, eu esperando oportunidade de lutar... Os gastos com hospital e enterro abalaram nossa estrutura financeira, mas graças a Deus houve uma comoção grande, muita gente nos deu força. Meus amigos dos Estados Unidos, empresários, todos ajudaram demais e pagaram boa parte dos custos. Recebemos milhares de mensagens e e-mails de amigos, fãs e familiares que nos deram muita força. Agora tenho mais uma motivação para chegar onde quero e o Igor vai sempre estar comigo, é mais um anjinho protetor me amparando e guiando. É nisso que a gente se apega e por isso a gente consegue sobreviver e lutar a cada dia. Não acabou.
PVT: Teve alguém que te ajudou em especial nesse momento?
Vitor Miranda: O Pezão me acolheu dois meses em sua casa, e ele e a esposa não nos deixaram faltar nada, nos deram todo o suporte possível. Somos eternamente gratos a ele. Todos os treinadores, amigos e fãs mandaram energia positiva e não tenho palavras para exemplificar minha gratidão por cada palavrinha e oração que recebi.
Pretende voltar para os Estados Unidos depois do Nitrix?
A princípio a ideia é voltar, mas não sabemos o dia de amanhã. Eu e Paula estamos vivendo um dia de cada vez. Ainda tenho processo de visto em andamento, mas tenho contrato assinado com um empresário e uma estrutura de treinos muito boa na Imperial Athletics. Nosso filho também está enterrado lá o que nos vincula ainda mais. Mas nada impede que, caso consiga algo bom aqui, fique nesse intercâmbio entre Brasil e Estados Unidos.
Agora você está de novo na batalha, no circuito do MMA. É um recomeço não só pessoal, mas também de carreira?
É, mas já estava com mentalidade de remodelar minha carreira quando fui para os EUA. Lá, eu vi que tinha muitas falhas e precisava melhorar muito, e trabalhei o ano inteiro nisso, em me tornar um lutador de MMA e não só de muay thai. Estou há 1 ano e 4 meses sem lutar, e nesse meio tempo tive um problema de visto e a questão do meu filho, que me tirou duas lutas.
A parte física será seu foco agora?
Estou há três meses sem treinar, perdi a forma mesmo. Escolhi a CM System não só pelo volume, mas pela técnica muito apurada dos treinos do Cristiano Marcello, que também dá chão. Tem Muay Thai com o Bruno Carvalho, Wrestling com Zulu e Daniel Acácio, além dos professores. Tem treino de qualidade pra todo mundo, gente muito boa, e vou continuar melhorando meu jogo, sem perder a base que adquiri nos Estados Unidos. Aqui posso melhorar, colocar preparação física e ficar pronto para lutar de novo e alcançar meu objetivo.
Nesse período nos Estados Unidos muitos parceiros seus assinaram com o Strikeforce. Era seu caminho também?
Estou na fila do Strikeforce, mas fui muito prejudicado esse ano. Fui para os EUA fazer parte da equipe do André Benkei, que foi desfeita um mês depois, e fiquei sozinho, de mãos abanando, até que veio o Glenn Robinson e trouxe a galera brasileira, Gesias, Yuri, Danillo Villefort... Comecei do zero de novo, fechei com esse empresário, que me disse que o Strikeforce queria uma vitória minha num evento menor para limpar o cartel, porque eu vinha de derrota. A promessa é essa: limpar o cartel e assinar lá. Espero que o GP já conte para eu entrar.
Pensa também em UFC, agora que a fusão entre os eventos é cada vez maior?
Penso em Strikeforce como porta de entrada para o UFC, mas as coisas estão mudando e talvez até o fim do ano eu já esteja no UFC. É o que miro, mas vou um passo de cada vez. Independentemente de qual evento for, quero estar nos EUA, lá é o campo, seja no Bellator, Strikeforce ou UFC. Quero ter a oportunidade de me mostrar lá e de chegar aos grandes eventos.
Colaboração: Portal do Vale Tudo
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