terça-feira, 13 de setembro de 2011

PVT: FEIJÃO QUEBRA O BRAÇO E MESMO ASSIM PEDE KING MO




Único a vencer numa noite muito ruim para os brasileiros do Strikeforce, Rafael Feijão garante que está de volta. Não apenas pelo nocaute sobre o surpreendente Yoel Romero, wrestler olímpico de Cuba, que mostrou desenvoltura no cage. Mas também pela superação de lutar o segundo round inteiro com o braço direito quebrado, aguentando o ímpeto do adversário.

O ex-campeão agora deve enfrentar Muhammed “King Mo” Lawal, que nocauteou Roger Gracie numa das lutas mais aguardadas do ano. Feijão, curiosamente, ganhou o cinturão do Strikeforce ao vencer King Mo – o único na carreira – e agora quer enfrentá-lo novamente para recuperar o título que antes era de Dan Henderson. Superação para se recuperar não faltará.

“Com Minotauro e Pedro Rizzo no meu corner o único jeito de sair lá de dentro é apagado. Não tem como pedir pra sair, amarelar, não dá nesse time que a gente representa. É uma família muito forte, me espelho muito no Pedro Rizzo, Minotauro, Anderson, pela garra e pelo coração. Consegui aguentar o ímpeto do Romero. Eu estava muito bem fisicamente, apesar da dor no braço que começou a incomodar bem no segundo round, e isso fez eu ganhar bem a luta”, afirmou Feijão em entrevista ao PVT.

Confira o bate-papo na íntegra.

PVT: Como analisa a luta? No primeiro round, um ritmo um pouco mais lento, e no segundo ele veio pra cima na trocação até que você o nocauteou...

Rafael Feijão: Quebrei o braço no primeiro round, vou ter que fazer uma cirurgia, e no segundo tive que jogar com a esquerda, o que permitiu que ele chegasse na curta distância. Mas treino com os melhores do Brasil no boxe, Erivan Conceição, Edelson, Dórea, e bloqueei todos os socos dele, não entrou quase nada na grade. O que entrou foi no meio do ringue. Ele é um cara rápido, aguerrido, com medalhas de prata na luta olímpica. Eu estava calmo, focado, muito bem treinado e a experiência contou muito pra segurar o ímpeto dele com o braço quebrado e dar o troco no final.

PVT: Foi uma vitória bem ao estilo Team Nogueira, então, na superação mesmo.

Feijão: Com Minotauro e Pedro Rizzo no meu corner o único jeito de sair lá de dentro é apagado. Não tem como pedir pra sair, amarelar, não dá nesse time que a gente representa. É uma família muito forte, me espelho muito no Pedro Rizzo, Minotauro, Anderson, pela garra e pelo coração. Consegui aguentar o ímpeto do Romero. Eu estava muito bem fisicamente, apesar da dor no braço que começou a incomodar bem no segundo round, e isso fez eu ganhar bem a luta.

E aquele soco girado, que pegou com o punho antes de você nocauteá-lo? Foi premeditado?

Foi premeditado, já fiz isso outras vezes. Faço esse spinning fist direto. Se ele tivesse ido de encontro teria pego o cotovelo. Ele quis fazer finta de entrar e sair, tava fazendo isso toda hora. Quando erra o chute, o Pedro mostrou, que tem que rodar a mão, outro chute. O Erick Silva faz algo parecido também quando erra um chute.

Você conseguiu defender bem as quedas do Romero. O trabalho com o Josh Janousek fez efeito pelo visto.

O trabalho surtiu muito efeito, mas eu luto bem com wrestlers. Eu tinha certeza que ele não iria me derrubar, eu estava muito bem treinado. Inclusive o Erick, professor do Josh, me deve um jantar, porque eu disse “cuidado, eu vou derrubá-lo no fim das contas”. Ele é um dos melhores wrestlers de todos os tempos, coloca o King Mo no bolso, uma galera no bolso, e agora o Erick me deve um jantar.

Foi uma noite muito ruim para o Brasil. O que aconteceu com Jacaré e Pezão, que são seus companheiros de treino?

Eu não posso opinar dos outros, mas treinei com Jacaré e Pezão e estavam todos muito bem treinados. É questão de dia. Tudo tem seu momento e nada acontece por acaso. Ontem foi o dia que os adversários deles foram melhor, mas vai ser sempre assim. Um vai ganhar, outro vai perder. Faz parte do nosso esporte, e quando você sobe ali são segundos para a luta acabar. É uma adrenalina muito grande, a pessoa pode pular de para-quedas, fazer o que quiser, mas a adrenalina de lutar é totalmente diferente. Derrota faz parte do trabalho.

O Pezão estava muito bem preparado tecnica e fisicamente, mas a distância encurtou muito rápido e entrou a mão. Agora ele tem que voltar pra casa, rever os conceitos, se preparar e voltar mais forte na próxima luta. Cabeça erguida, nós somos brasileiros e não desistimos nunca. Se tiver que ir dez vezes, vamos dez vezes.

O que teria a falar para eles?

Sempre digo isso. Se eu não tivesse ganho o cinturão não seria quem eu sou? Ninguém apaga o que você já fez. Você é o que você evolui todos os dias, isso é o que vale mais e as derrotas não vão apagar o que esses dois caras fizeram. São duríssimos, sou feliz por ser amigo do Jaca e do Pezão, conhecê-los como pessoas e sei que vão correr e voltar melhor ainda.

E o King Mo? Pode ser a próxima luta, pelo cinturão, como você quer. Está pronto pra ele?

Quero muito. Se Deus quiser a próxima luta é com o King Mo pelo cinturão e estou louco pra fazer essa luta aí. Entrei no meu estilo, agressivo, entrando pra dentro do cara, e vai ser sempre assim. Com ele também. Estou pronto pra dar a revanche para ele ou pra quem for, quero ter a oportunidade de lutar pelo cinturão. Quero me recuperar rápido desse braço e voltar.

PVT: Quer deixar um último recado à torcida?

Rafael Feijão: Acompanho sempre o PVT e agradeço a todo mundo que torce por mim e a quem não torce por mim também. Quero dizer que vou sempre representar o Brasil com muito orgulho e com muita garra. Obrigado!

Colaboração: Portal do Vale Tudo

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