sábado, 30 de julho de 2011

PVT ENTREVISTA MARLON SANDRO, FINALISTA DO GP DO BELLATOR



A confiança que o levou a ser top 5 dos pesos pena no mundo e a ser campeão do Sengoku está de volta. Depois de duas vitórias seguidas em dois meses, sobre Junior PQD e Nazareno Malegarie, ambas em performances dominantes, Marlon Sandro está na final do GP da categoria do Bellator, e vai enfrentar Pat Curran, um estrategista do MMA.

Diante de um adversário que venceu a maioria das vezes na decisão dos árbitros, Marlon aponta a maturidade e o condicionamento físico adquiridos ao fazer duas lutas de 15 minutos como fundamentais para conquistar o título.

“Tem que estar preparado para tudo no MMA. Hoje está muito difícil nocautear ou finalizar. Às vezes você tem a oportunidade, mas está muito difícil concretizar, porque todos estão muito completos, as informações estão muito maiores. Ninguém é mais leigo no chão, no wrestling, nem na trocação. Por isso me preparo os três rounds, boto na cabeça que vou fazer isso, para não me frustrar. Pequei nas duas vezes que perdi tentando nocautear rápido, e hoje em dia nocauteio se tiver oportunidade”, analisou o brasileiro.

Na entrevista exclusiva ao PVT que você confere abaixo, Marlon Sandro analisa seu início de carreira no Bellator, a final contra Pat Curran, os treinos na Nova União e garante: vai fazer de tudo para que o evento concretize sua intenção de vir para o Brasil.

PVT: Você conseguiu seguir a estratégia de manter a luta em pé e não deixar o Malegarie usar a especialidade dele, o jiu-jitsu. Como analisa essa vitória?

Marlon Sandro: Fui pra lutar MMA. Eu sabia que ele iria tentar me surpreender de alguma forma, trocar um pouco comigo e só depois colocar pra baixo. Ele foi muito guerreiro, lutou muito bem em pé, jogou certinho, de cabeça baixa... quando tomou um soco mais forte, se recuperou muito bem. Usei alguns uppercuts pra tentar levantar a cabeça, jogando mais de baixo, porque estava difícil, chegamos até a bater cabeça com cabeça. Tentei surpreender assim.

PVT: Na sua época de Japão, você era conhecido como “artista do nocaute”, e agora fez duas lutas seguidas de 15 minutos. O que mudou?

A gente tem que estar preparado para tudo no MMA. Hoje em dia está muito difícil nocautear ou finalizar. Às vezes você tem a oportunidade, a precisão, mas está muito difícil, principalmente finalizar, está todo muito completo, as informações estão muito maiores. Ninguém é mais leigo no chão, no wrestling, nem na trocação. Por isso me preparo os três rounds, boto na cabeça que vou fazer isso, para não me frustrar. Pequei nas duas vezes que perdi tentando nocautear rápido, e hoje em dia nocauteio se tiver oportunidade.

PVT: Mas para ter essa capacidade de lutar seis rounds em dois meses, num peso leve como é o seu, é preciso estar com o gás em dia...

Tem que fazer uma preparação física forte. O André Marrola puxa bastante, e os treinos também são muito fortes na Nova União. Mas também é muito psicológico, tem que ter cabeça forte pra trabalhar no momento certo, sem se afobar, e acredito muito em Deus. Ele não faz nada à toa, tudo tem um motivo. Acho que foi bom ter voltado fazendo três rounds de pancadaria, pra voltar e pegar a confiança após a derrota. Peguei um cara duro na minha estreia nos EUA, e agora peguei outro que endureceu bastante também. Dois grandes guerreiros que valorizaram muito minhas vitórias, e botei muito na minha cabeça que iria lutar os três rounds bem, indo pra cima, sem morrer no gás, sempre podendo jogar pra cima.

É nisso que estou trabalhando na Nova União. Pra você aguentar aquela galera toda saindo na porrada, com Hacran Dias, Luis Beição, Giovani Diniz, Johnny Eduardo, José Aldo, Hernani Perpétuo, Felipe Olivieri... se aguentar fazer treinos cinco rounds na academia, você vai pra luta com mais tranquilidade certamente.

PVT: Depois da luta contra o PQD, você disse que o mais importante foi não se lesionar. Pode dizer o mesmo depois da semifinal, já que volta a lutar no dia 20 de agosto? Como fica a questão de abaixar o peso nessa maratona de lutas?

Por incrível que pareça lutei três rounds fortes e não me machuquei nada, não tenho lesão alguma. Na primeira luta machuquei um pouco o pé, mas já me recuperei antes da segunda, e agora não machuquei nada. Já voltei a treinar, ajudar a galera, e semana que vem já vou manter o treino pra ficar na ponta dos cascos. Estou baixando tranquilo o peso de 77kg pra 66kg e lutar bem, sem estresse. Por perder peso há pouco tempo já entro no ritmo, o metabolismo já fica acelerado e é mais fácil do que com seis meses parado.

PVT: Já está preparando a estratégia para enfrentar o Pat Curran?

Assisti à luta dele, e já estamos eu e Dedé analisando as lutas dele pra ver o que pode fazer. Já começamos a traçar uma estratégia pra lutar com ele e vamos ver. Vou jogar pra cima o tempo todo, manter o ritmo que mantive. Tive erros ainda, ainda tenho que arriscar algumas coisas que não arrisquei, mas já venho analisando o Curran há um tempo. Os treinos na Nova União são muito importantes pra essa luta. Nosso trabalho vem de muito tempo, sempre chegando nas cabeças, lutando contra os melhores e vencendo. Hoje em dia estamos colhendo grandes frutos por isso. Minha equipe é muito forte e temos todo tipo de jogo de MMA, a galera adapta qualquer coisa nos treinos pra ajudar, isso é muito positivo. A união e a força de conjunto, de olhar o vídeo e auxiliar, é muito legal.

PVT: Já parou para pensar que está cada vez mais perto do sonho de ganhar o Bellator?

Estou bem satisfeito, mas ainda tenho que conquistar muita coisa. Estou chegando no evento, e todo mundo diz que estou fazendo lutaços. É bom nocautear, finalizar, mas é bom falarem que foi um lutão emocionante. Às vezes é chato ver luta de três, cinco rounds, mas quando você vê uma pancadaria que a qualquer momento um pode cair, é muito bom também. Ainda não conquistei nada, estou fazendo meu trabalho, correndo por fora até chegar ao meu objetivo de ser campeão. Quando eu for campeão vou querer levar pro Bellator o que aprendi no Japão por não ter mantido o título. Às vezes a gente chega, mostra, e não mantém o trabalho, e isso aconteceu comigo no Sengoku. Quero alcançar esse objetivo de me manter com o título do Bellator.

PVT: O presidente do Bellator disse que tem muito interesse em trazer as transmissões para o Brasil. Como você vê isso? O evento tem condições de “prender” o público brasileiro?

Não tem pra onde correr, o Bellator vai acabar vindo pro Brasil. É o mesmo que está acontecendo com o UFC, nesse momento maravilhoso para o país, surgindo grandes eventos, com grandes empresas olhando o MMA com outros olhos. Pessoas que nunca assistiram estão tendo interesse, e o Bellator é um grande show. Na minha opinião vem pra cá. Pode espalhar isso pro país todo, que se depender da minha força de vontade eu boto meu sangue pra que tragam pra cá, pra galera conhecer outro evento que, pra mim hoje em dia é o segundo maior do mundo. Faço esse apelo. Eles levaram pro Canadá, e pra trazer pro Brasil é um passo, ainda mais com o público daqui, que gosta muito de MMA. Acho que vão começar com as transmissões na MTV nacional e depois vão até fazer uma edição por aqui.

PVT: Deixe uma mensagem para o público que te acompanha

Agradeço primeiramente a Deus por todas as vitórias que tive e ao pessoal que tem me dado apoio. O pessoal da nutrição, o Cacau do. tatoo. tenho visto comentários da galera, ficado satisfeito. Lembro quando fui lutar no Sengoku que a galera falava que a categoria era um lixo e hoje consigo mostrar que é digna de elogios. Espero representar sempre bem minha equipe, meus amigos, e o Brasil, todo mundo que me ajuda e apoia diretamente e indiretamente.

Nenhum comentário: