A história não é novidade no Brasil e provavelmente não será a última a ser noticiada. Um lutador talentoso, com um cartel recheado de vitórias, sofrendo para buscar espaço no exterior. O caso de Jussier Formiga se assemelha ao de tantos outros, com a diferença de que ele é campeão sul-americano do Shooto, ex-número 1 do peso mosca e um dos mais cotados para voltar a disputar o título do Tachi Palace, maior evento americano da categoria.
Nome certo no UFC caso Dana White e cia. consolidem os planos de integrar lutadores até 56kg aos quadros da organização, ele sequer conseguiu viajar de Natal (RN) para o Rio de Janeiro, onde faria um mês de treinos na Nova União com André Pederneiras e alguns dos melhores leves do mundo, como José Aldo, Marlon Sandro, Diego Nunes e Renan Barão. “Infelizmente não foi possível, não tive como arcar com os custos da viagem. Fui tentar pelas milhas, mas não tinha o suficiente”, lamentou o atleta da Kimura Nova União em entrevista ao PVT.
Aos 26 anos, Formiga sustenta a mãe, a irmã e um filho com o dinheiro que recebe das bolsas do Tachi Palace. Não há patrocínios nem mesmo fora do Brasil, caminho ao qual muitos lutadores recorrem para conseguir arcar com despesas como o visto para os Estados Unidos, que pode chegar a US$ 5 mil (cerca de R$ 7,8 mil) por ano. Para alimentar a família, o atleta deixa de lado a suplementação alimentar, parte importantíssima do treinamento e da preparação.
“Não dá para competir com caras que têm apoio. Tenho que escolher qual suplemento comprar, porque não posso comprar todos. Ainda tenho que ir a Recife antes de todas as lutas que faço nos Estados Unidos para gastar em torno de R$ 600 e renovar meu visto, que só dura três meses. Se eu não tivesse luta marcada agora, sequer teria dinheiro para pagar as contas no fim do mês”, comenta.
Os altos valores que Jussier Formiga com os quais Jussier Formiga teria de arcar ajudaram na extensão de seu contrato com o Tachi Palace. Na sexta-feira (5), ele enfrenta o duríssimo Mamoru Yamaguchi na terceira luta de um contrato de nove com o evento, mas que antes era de quatro.
Para esse importante confronto, que pode marcar sua recuperação da primeira derrota na carreira em seis anos, o atleta esteve perto de acertar um patrocínio, que na verdade seria uma verdadeira roubada.
“Conseguimos estender o meu contrato logo que assinamos e ainda com uma cláusula que me libera para o UFC caso abram essa categoria e me chamem. Se não fosse isso, teria que gastar US$ 4.500 todo ano, entre o processo e os honorários do advogado. Tive uma proposta muito boa de patrocínio, que estava praticamente acertada, mas meu empresário descobriu que o cara não vinha pagando os atletas e decidiu cancelar. É uma vergonha. Como sempre, os caras não dão valor ao atleta”, critica.
Formiga é de uma geração das mais talentosas do MMA brasileiro, toda vinda do Rio Grande do Norte. Entre os principais nomes, Renan Barão brilha no UFC, Ronny Markes estreia no evento no dia 14, Patrício e Patricky Pitbull são estrelas do Bellator e Rony Jason vem passando o carro no Brasil e já sonha com o exterior.
Para o atleta, basta uma chance para que os atletas do nordeste passem a brilhar ainda mais intensamente em todo o mundo.
“Natal está em alta. Graças a Deus, né? A gente vê aí os caras fazendo sucesso nos eventos nacionais e internacionais e isso mostra que há potencial na cidade, no estado. Só não temos muitas oportunidades no Nordeste. Existem muitos outros que só precisam de uma chance, caras como o Marlon Silva, o André Robô e tantos outros talentosos”, destaca.
Jussier Formiga espera que a vitória sobre Yamaguchi possa não só recolocá-lo na linha de disputa do cinturão do Tachi Palace como também lhe direcionar para um futuro mais tranquilo.
“Por algum motivo nem os caras do Brasil nem de fora estão patrocinando. O foco agora vai ser fazer um projeto para empresários locais, meu empresário já está trabalhando nisso e se Deus quiser vou ter o apoio necessário para me focar nos treinos e representar bem minha equipe, meu estado e meu país lá fora”, acredita a fera.
Colaboração: Portal do Vale Tudo
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