quinta-feira, 4 de agosto de 2011

POLÍCIA INVESTIGA VENDA DE INGRESSOS DO UFC RIO



A venda de ingressos para o evento de luta UFC (Ultimate Fighting Championship) é alvo de investigação da Delegacia do Consumidor (Decon) no Rio. Policiais fizeram uma operação, nesta quinta-feira (4), para cumprir dois mandados de busca e apreensão em um escritório que possui exclusividade na venda do evento, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade. Entre o material apreendido estavam computadores, contratos assinados com consumidores e capas de ingressos com a marca do evento.
Os ingressos para o UFC Rio, que será realizado no dia 27 de agosto, foram postos à venda no dia 18 de junho e esgotaram-se em menos de 2 horas. Foram vendidos 16.572 bilhetes. A polícia quer esclarecer se, desde então, os consumidores só têm a possibilidade de obter o ingresso através da compra de um pacote de viagens, com hospedagem, transporte e kit promocional. Se for confirmado, segundo a polícia, o caso se configura crime contra a economia popular e ainda venda casada.
De acordo com a delegada da Decon, Patrícia de Paiva Aguiar, um inquérito foi instaurado no dia 27 de junho, após requisição do Ministério Público. “O que não se pode é recusar ao consumidor o direito de pagar apenas pelo ingresso. Para obter o ingresso, você só poderia comprar com a venda casada, isso é ilegal”, explicou.
Escritório se defendeA empresa 4BTS, agência de viagens esportivas credenciada para a venda de ingressos através de pacotes, se disse indignada com a acusação e afirmou, através de nota, que menos de 10% do total de ingressos são vendidos através de pacotes na agência credenciada.
“É importante esclarecer que do montante geral dos ingressos colocados à venda pelos organizadores, menos de 10% foram destinados aos turistas que adquiriram os pacotes de nossa empresa. Ainda como demonstração de nosso comprometimento com o desenvolvimento turístico do Rio de Janeiro, uma das empresas ligadas ao nosso grupo é patrocinadora do evento. Existe jurisprudência que demonstra claramente que a comercialização de pacotes turísticos esportivos para aqueles que desejam vir assistir a tais eventos não é “venda casada”. Se não houvesse este tipo de serviço para turistas, poderia haver o estímulo ao câmbio negro de ingressos, desacreditando tais eventos e oficializando esta prática absurda, além de contribuir para uma péssima publicidade da cidade ao mundo, que agora nos observa com toda a atenção e critério”, disse o texto.
TAC foi assinado, diz promotorA empresa responsável pela organização do evento afirmou que assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) no Ministério Público, detalhando todo o procedimento. O promotor responsável, Rodrigo Terra, confirmou ao G1 que esse TAC foi assinado. Segundo ele, para a autorização do evento a prefeitura teria exigido que cerca de 5% dos ingressos fossem separados para estimular o turismo na cidade.
O presidente da Secretaria de Turismo da Cidade do Rio de Janeiro (Riotur), Antonio Pedro Figueira de Mello, negou que tenha firmado um convênio com a organização do UFC. Entretanto, ele disse que a prefeitura sempre estimula, a qualquer evento na cidade, que parte dos ingressos seja separada a turistas, mas que não há uma exigência.
“Todo evento que a gente traz para o Rio de Janeiro a gente sempre estimula que haja quantidades de ingresso para turista. Isso é bom para a cidade. Mas a gente nunca exigiu percentual nenhum. Cada empresa decide a quantidade. (...) A ideia é divulgar o Rio no exterior, é levar o nome do Rio para o exterior. Por isso a gente exigiu que o nome do evento fosse UFC Rio”.
InvestigaçãoSegundo o inquérito, pela internet os preços dos ingressos variavam entre R$ 275 e R$ 1.600. Pela agência de turismo os valores ficavam entre R$ 1.540 a R$ 5.525.
De acordo com a delegada, além da agência citada a polícia vai intimar para depor a empresa organizadora do evento e o representante legal do UFC no Brasil. A polícia pretende esclarecer quantos consumidores obtiveram o bilhete através do site e também quantos contratos a 4BTS assinou com os consumidores.
Tanto o crime de venda casada quanto o crime contra a economia popular resultam em pena de 2 a 5 anos ou multa.
Colaboração: Globo.com

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